Paul Alexander, 76 anos, viveu uma vida diferente de muitas outras. Durante a maior parte de sua vida, ele viveu com um pulmão de ferro e é uma das últimas pessoas do mundo ainda usando o respirador que remonta a 1928.
Apesar de suas circunstâncias incomuns, ele viveu uma vida incrivelmente completa e nunca aceitou nada menos.
“Não vou aceitar de ninguém suas limitações em minha vida. Não vou fazer isso. Minha vida é incrível.”
Quando Paul tinha apenas seis anos de idade, ele entrou na casa de sua família em um subúrbio de Dallas, Texas, e disse à sua mãe que não estava se sentindo bem. Desde o seu nascimento em 1946, Paul havia sido uma criança normal, vibrante e ativa – mas agora algo estava claramente errado.
“Ai meu Deus, não meu filho”, lembrou Paul de sua mãe dizendo.
Seguindo as ordens do médico, ele passou os próximos dias na cama se recuperando, mas o menino claramente tinha pólio e não estava melhorando. Menos de uma semana depois de começar a se sentir doente, ele não conseguia segurar nada nem engolir ou respirar.
Seus pais finalmente correram para o hospital onde ele se juntou a inúmeras outras crianças com sintomas semelhantes.
Antes que as vacinas estivessem disponíveis para a pólio, mais de 15.000 pessoas ficaram paralisadas pelo vírus. A pólio, uma infecção incrivelmente contagiosa, pode se espalhar mesmo quando uma pessoa infectada não apresenta sintomas.
Os sintomas da pólio incluem fadiga, febre, rigidez, dor muscular e vômito. Em casos mais raros, a pólio também pode causar paralisia e morte.
Paul foi examinado por um médico e declarado morto, mas então outro médico o examinou e lhe deu outra chance de vida.
O segundo médico realizou uma traqueostomia de emergência e, após a cirurgia, Paul foi colocado dentro de um pulmão de ferro.
Quando ele finalmente acordou, três dias depois, ele estava entre várias fileiras de crianças também encerradas em pulmões de ferro.
“Eu não sabia o que tinha acontecido. Eu tinha todos os tipos de imaginações, como se eu tivesse morrido. Eu continuava me perguntando: Isso é o que é a morte? Isso é um caixão? Ou eu fui para algum lugar indesejável?” o nativo do estado norte-americano do Texas disse ao apresentador do As It Happens Carol Off em 2017.
Paul, que também fez uma traqueostomia, não conseguia falar, tornando o evento ainda mais aterrorizante.
“Eu tentei me mover, mas não consegui me mover. Nem mesmo um dedo. Eu tentei tocar em algo para descobrir, mas nunca consegui. Então foi bem estranho.”
A máquina, inventada no final dos anos 1920, foi a primeira a ventilar um ser humano. Muitas vezes referida nos primeiros dias como o “respirador Drinker”, o dispositivo é hermeticamente selado do pescoço para baixo e cria uma pressão negativa na câmara que atrai o ar para os pulmões do paciente. Se gerar sobrecarga de pressão, o ar é forçado para fora dos pulmões novamente e o paciente exala.
Paul passou 18 meses dentro do recipiente de metal se recuperando da infecção inicial. E ele não estava sozinho. O ano em que Paul foi infectado pelo vírus, 1952, foi um ano muito sombrio olhando para as estatísticas.
Quase 58.000 pessoas, principalmente crianças, contraíram o vírus nos EUA em 1952. Infelizmente, 3.145 delas morreram.
“Onde quer que você olhe, fileiras e fileiras de pulmões de ferro. Cheio de crianças”, disse ele, segundo o The Guardian.
Enquanto alguns podem ter desistido de sua vontade de viver, isso só alimentou a vontade de Paul.
Ele ouvia os médicos dizerem: “Ele vai morrer hoje” ou “Ele não deveria estar vivo” sempre que passavam por ele e ele queria provar que estavam errados.
E foi exatamente isso que ele fez!
Em 1954 ele recebeu alta do hospital, mas logo descobriu que sua vida era drasticamente diferente de antes.
“As pessoas não gostavam muito de mim naquela época”, disse ele durante uma entrevista de vídeo em 2021. “Eu sentia que elas ficavam desconfortáveis perto de mim.”
Mas com a ajuda de uma terapeuta chamada Sra. Sullivan, que o visitava duas vezes por semana, pouco a pouco sua vida começou a melhorar. Sua terapeuta fez um acordo com ele de que se ele conseguisse “respirar como um sapo”, uma técnica em que você prende o ar na boca achatando a língua e abrindo a garganta, sem o pulmão de ferro por três minutos, ela lhe daria um filhote.
Foi um trabalho árduo, mas dentro de um ano Paul conseguiu passar cada vez mais tempo fora do pulmão de ferro.
Quando ele tinha 21 anos, tornou-se a primeira pessoa a se formar em uma escola secundária de Dallas – com honras! – sem nunca ter frequentado fisicamente a aula. Ele então voltou seus olhos para a faculdade e, após várias rejeições, foi aceito na Southern Methodist University.
“Eles disseram que eu era muito aleijado e não tinha a vacinação”, lembrou ele. “Dois anos atormentando-os, eles me aceitaram em duas condições. Um, que eu tomasse a vacina contra a pólio e dois que uma fraternidade seria responsável por mim.”
Ele se formou na Southern Methodist University e depois frequentou a faculdade de direito da Universidade do Texas em Austin. Ele passou no exame da ordem e se tornou advogado na área de Dallas-Fort Worth.
“E eu era muito bom nisso também!”
Mesmo após uma carreira de 30 anos no tribunal, ele continuou ocupado escrevendo um livro, que ele digitou sozinho usando uma caneta presa a um bastão.
De acordo com Gizmodo, acredita-se que Paul seja uma das últimas pessoas vivas hoje que ainda vive na máquina quase obsoleta. O homem de 76 anos está confinado em seu velho pulmão de ferro o tempo todo e passou grande parte de sua vida em uma lata.
“Eu viajei com ele – coloquei-o em um caminhão, levei-o comigo. Fui para a faculdade com ele, morei em um dormitório. Isso assustou todo mundo”, disse ele.
O tipo de pulmão de ferro de Paul não é fabricado há meio século porque – os ventiladores agora são muito mais avançados e sofisticados.
Mas o sobrevivente da pólio prefere sua câmara de metal, mesmo que a nova tecnologia esteja disponível. Mas o advogado de Dallas teve que fazer um anúncio desesperado no YouTube quando o pulmão de metal quase quebrou sete anos atrás. Felizmente, ainda existem máquinas abandonadas em todo o país, então muitas peças sobressalentes estão por aí. Paul também teve ajuda de entusiastas que adoram lidar com tecnologias antigas.
“Muitas pessoas que tiveram pólio e estão mortas. O que eles fizeram com o pulmão de ferro? Eu os encontrei em celeiros. Eu os encontrei em garagens. Eu os encontrei em lojas de lixo. Não muito, mas o suficiente para vasculhar [por] peças”, diz ele.
Paul, que sobreviveu a ambos os pais e ao irmão mais velho, agora está trabalhando em um segundo livro!
Paul disse que conseguiu viver uma vida tão gratificante porque “nunca desistiu”.
“Eu queria realizar as coisas que me disseram que eu não poderia realizar”, disse ele, “e alcançar os sonhos que sonhei.”
A pólio foi efetivamente erradicada dos Estados Unidos desde 1979. No entanto, casos de pólio derivados de vacinas surgem de vez em quando, o que ainda é motivo de preocupação.
Paul é definitivamente uma inspiração. Ele construiu sua vida contra todas as probabilidades e tem uma história corajosa e envolvente que espero que todos que leiam isso compartilhem.
Sua determinação mostra que os únicos limites são os limites que colocamos em nós mesmos. Por favor, compartilhe sua história com todos os seus amigos e familiares para inspirar outras pessoas.
