Ele teve um começo de vida terrível quando o hospital onde nasceu foi bombardeado.
A partir desse início sombrio, ele se tornaria famoso interpretando vilões, monstros e figuras perturbadoras — de vampiros a nazistas.
Agora, o lendário ator Udo Kier faleceu aos 81 anos.
Faleceu em Palm Springs
Udo Kier, o ator alemão cuja carreira se estendeu por mais de cinco décadas e ultrapassou 275 papéis no cinema europeu e em Hollywood, morreu aos 81 anos. Kier faleceu no domingo, em um hospital em Palm Springs, Califórnia, como confirmou seu parceiro, Delbert McBride, à Variety. A causa da morte não foi divulgada.
Nascido Udo Kierspe em Colônia, Alemanha, em 1944, Kier teve uma entrada dramática no mundo — o hospital onde nasceu foi bombardeado algumas horas após seu nascimento, forçando ele e sua mãe a serem resgatados entre os escombros.
Ele cresceu na Alemanha do pós-guerra em condições difíceis, descrevendo depois sua infância como horrível.
“Meu pai já era casado e tinha três filhos quando eu nasci, e minha mãe não sabia. Então, crescemos na pobreza. Não tivemos água quente até eu completar 17 anos”, disse Udo ao The Guardian em 2002.
Trabalhou com Andy Warhol
Apesar das dificuldades, Kier descobriu cedo a paixão pela atuação. Mudou-se para Londres para estudar inglês e foi descoberto em uma cafeteria, encontro que deu início à sua carreira no cinema.
Em uma entrevista à Variety em 2024, ele disse: “Eu gostava da atenção, então virei ator.”
Seu papel de destaque veio com o clássico de terror “A Marca do Diabo” (1970), e rapidamente ficou conhecido por interpretar vilões, monstros e outros personagens sombrios e marcantes — de vampiros a nazistas.

A carreira de Kier muitas vezes foi moldada pelo acaso. Ele ficou famoso por ter sentado ao lado do diretor Paul Morrissey em um avião, o que levou ao seu papel em Flesh for Frankenstein (1973) e Blood for Dracula (1974), ambos produzidos por Andy Warhol.
Bonito e magnético, Udo parecia destinado a se tornar o símbolo sexual adolescente dos anos 1970, se não fosse pelo fato de ter atuado, em sua maioria, em filmes americanos tímidos e adequados para menores de 17 anos.
Suas colaborações com autores europeus como Rainer Werner Fassbinder, Lars von Trier e Dario Argento consolidaram sua reputação como um ator de caráter icônico e destemido. Ele apareceu em filmes de Fassbinder como A Mulher do Guarda-Barco, Lola, A Terceira Geração e Lili Marleen; e em produções de von Trier, incluindo Ondas do Destino, Dançando no Escuro, Dogville, Melancolia e Ninfomaníaca: Vol. II. Kier também era padrinho do filho de von Trier.
Sucesso em Hollywood
Em Hollywood, Kier se tornou um rosto familiar tanto em grandes produções quanto em clássicos cult. Ele apareceu em Garotos de Programa, o que levou a colaborações com Madonna em seu livro Sex e em vários de seus videoclipes.
Entre seus filmes americanos mais notáveis estão Ace Ventura: Um Detetive Diferente, Johnny Mnemonic, Armageddon, Fim dos Dias, Blade e, mais recentemente, Brawl in Cell Block 99, Dragged Across Concrete, e a comédia de 2022 Swan Song, onde interpretou um cabeleireiro aposentado e extravagante em sua última aventura.
A carreira de Kier também incluiu trabalhos em videogames, emprestando sua voz para títulos icônicos como Command & Conquer: Red Alert 2 e Call of Duty: WWII.

Os fãs de Red Alert jamais esquecerão sua marcante interpretação de Yuri. Com sua presença impactante e atuação versátil, Kier deu vida ao personagem de um jeito inesquecível.
Conhecido pelo olhar penetrante e pela presença magnética na tela, Kier certa vez disse sobre seu trabalho:
“Eu gosto de filmes de terror, porque se você faz papéis pequenos ou de participação especial em filmes, é melhor ser mau e assustar as pessoas do que ser o cara que trabalha nos correios e volta para casa para a esposa e os filhos. O público vai lembrar mais de você.”
Ao refletir sobre sua carreira prolífica, Kier resumiu com humor:
“100 filmes são ruins, 50 filmes você pode assistir com uma taça de vinho, e 50 filmes são bons.”
Assumidamente gay durante toda a vida
Kier mudou-se para Palm Springs, Califórnia, em 1991. Segundo a Variety, o ator alemão vivia em uma biblioteca modernista convertida em casa e era apaixonado por arte, arquitetura e colecionismo.
“Se eu não fosse ator, seria jardineiro”, disse Udo certa vez.
Ele era presença constante no Festival de Cinema de Palm Springs, sempre feliz em cumprimentar fãs e aproveitar os aplausos.

Assumidamente gay durante toda a vida, ele refletiu certa vez sobre sua sexualidade, afirmando que isso nunca foi um problema em sua carreira:
“Ninguém jamais perguntou sobre a minha sexualidade. Talvez fosse óbvio, mas não importava, porque tudo o que contava era o papel que eu estava interpretando. Enquanto eu fizesse bem o meu trabalho, ninguém se importava com a minha sexualidade.”
O legado de Udo Kier como um intérprete destemido e inesquecível permanece vivo em centenas de filmes e nos inúmeros personagens icônicos que ele trouxe à vida. Descanse em paz, Udo Kier. Você jamais será esquecido!
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