Rússia reage após Trump ameaçar com punição “devastadora”

Vladimir Putin (à esquerda) e Donald Trump (à direita). Crédito: Getty Images

A Rússia reagiu oficialmente às recentes discussões de paz entre os Estados Unidos e a Ucrânia, que ocorreram no início desta semana.

A guerra entre Ucrânia e Rússia perdura desde fevereiro de 2022, quando as forças russas lançaram uma invasão em grande escala. Agora, após mais de três anos de conflito, os EUA estão intensificando os esforços para intermediar um cessar-fogo e pôr fim à guerra.

Como parte desses esforços, autoridades americanas e ucranianas se reuniram recentemente na Arábia Saudita para negociações que, segundo relatos, duraram oito horas. O encontro pareceu produtivo—bem mais do que as tensas discussões na Casa Branca entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e o ex-presidente dos EUA Donald Trump no mês passado.

Após as negociações, os EUA e a Ucrânia divulgaram uma declaração conjunta destacando seu objetivo de garantir um cessar-fogo de 30 dias com a Rússia. Trump reforçou essa posição, alertando que haveria graves consequências caso Moscou se recusasse a cooperar.

“Poderíamos fazer coisas muito ruins para a Rússia”, disse Trump a repórteres. “Seria devastador para a Rússia. Mas eu não quero fazer isso, porque quero ver a paz.”

Além de buscar um cessar-fogo, os EUA também prometeram retomar a ajuda militar e a assistência em segurança à Ucrânia. No entanto, as decisões finais sobre um possível acordo comercial de minerais brutos ainda não foram tomadas.

O presidente Donald Trump recebe o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy na Casa Branca em fevereiro. Crédito: Getty.

Enquanto Washington e Kyiv mantiveram uma comunicação próxima ao longo do processo, a Rússia expressou frustração por ter sido excluída das negociações.

Em uma entrevista a blogueiros pró-Kremlin nos EUA, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, criticou as negociações, alegando que seu país foi deliberadamente deixado de lado.

“Ninguém está falando conosco”, declarou Lavrov, segundo o New York Post. “Eles continuam dizendo ‘nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia’, mas fazem tudo sobre a Rússia sem a Rússia.”

Lavrov também afirmou que a Rússia não assinaria nenhum acordo que pudesse colocar seu povo em risco. Além disso, reiterou a posição firme de Moscou contra a entrada de forças da OTAN na Ucrânia, afirmando que tal medida não seria tolerada “sob nenhuma condição”.

Há anos, a Ucrânia busca ingressar na OTAN, uma perspectiva que a Rússia se opõe veementemente. Segundo a Reuters, Moscou estaria pressionando para impedir qualquer presença militar estrangeira na Ucrânia como condição para um acordo de paz.

Além disso, o presidente russo Vladimir Putin estaria buscando o reconhecimento internacional da reivindicação da Rússia sobre a Crimeia, uma região que fazia parte da União Soviética antes da independência da Ucrânia.

Apesar das alegações de Lavrov de que a Rússia foi excluída das negociações, relatos sugerem que Moscou recentemente apresentou aos EUA uma lista de exigências—contradizendo a ideia de que foi totalmente deixada de fora das discussões.

Essas exigências são semelhantes às feitas pela Rússia durante as negociações com o governo Biden em 2021 e 2022. No entanto, esses diálogos fracassaram, e a Rússia seguiu adiante com sua invasão em fevereiro de 2022.

Diante dessas declarações conflitantes e das tensões persistentes, permanece incerto se Putin está realmente aberto a um cessar-fogo—ou se pretende prolongar ainda mais o conflito.

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