
Tyna Webb, de 77 anos, nadava tranquilamente quando um enorme tubarão-branco começou a circular ao seu redor.
De repente, o predador atacou — diante dos olhares chocados dos banhistas.
Quando tudo terminou, restava apenas sua touca de banho vermelha.
Uma rotina de 17 anos
Ataques de tubarão contra humanos são extremamente raros. Nos Estados Unidos, as chances de ser atacado na praia são de apenas 1 em 11,5 milhões.
Mas quando acontecem, as consequências podem ser devastadoras.
Em novembro de 2004, Tyna Webb, de 77 anos, fazia seu mergulho diário em Jager’s Walk, perto de Fish Hoek, na Cidade do Cabo — uma rotina que ela mantinha havia 17 anos e que amava mais do que tudo.

Conhecida por cortar a água com facilidade, a natação de segunda-feira de manhã de Tyna Webb era uma cena comum para os moradores. Mas, dessa vez, virou pesadelo quando um enorme tubarão-branco apareceu, circulando ao redor da nadadora experiente.
André Mentor, 48, que atuava como vigia para uma equipe local de pesca na encosta da montanha, presenciou o ataque.
“Todas as manhãs essa senhora nada de costas, mas hoje, enquanto nadava, o tubarão veio inspecionar e, embora tenhamos gritado e levantado a bandeira tentando alertá-la, o tubarão a pegou”, disse Mentor ao IOL.
Pessoas gritavam e desesperavam
Outras testemunhas também assistiram horrorizadas quando o tubarão de quase 5 metros atacou.
Apavorados, eles acenavam e gritavam freneticamente para alertar Tyna – mas ela olhava para o céu, com os ouvidos cobertos pela touca de natação, segundo familiares.
“Gritamos e berramos ‘Tubarão! Tubarão!’ para ela”, contou um pescador em Sunny Cove. “Então ele veio, mordeu sua coxa e a lançou para fora da água. Depois, ela desapareceu. Quando corremos para avisar os outros banhistas a saírem da água, já era tarde demais para ela.”
Paul Bennet, comodoro do False Bay Yacht Club, testemunhou tudo de sua casa:
“Só restou uma pequena touca vermelha. Saí e vi o tubarão atacando o que, a princípio, pensei ser um leão-marinho-do-cabo. Depois percebi que era um corpo sendo sacudido violentamente por um grande tubarão. Em seguida, ele largou a mulher e nadou um pouco, mas voltou em grande velocidade e a atingiu novamente. Sua boca inteira emergiu da água e a levou para o fundo. Nunca mais a vi.”
Thomas Spies, genro de Webb e médico local, chegou logo após o ataque, mas, à tarde, o corpo de Webb ainda não havia sido encontrado.
“Maior que o helicóptero”
Craig Lambinon, do National Sea Rescue Institute, confirmou depois: “Tyna Webb é presumida morta neste momento e acredito que sua família já tenha assimilado isso.”
Amigos e parentes descreveram a cena como traumática. As filhas de Webb, Isabelle Spies e Ninky Matthee, se reuniram com amigos na casa da família em Noordhoek enquanto mergulhadores da polícia e helicópteros do NSRI vasculhavam a área.
Mas a busca acabou sendo encerrada.

“Minha mãe era uma nadadora incrível, amava a natureza e estar ao ar livre, mas o mar era o seu favorito. Ela morava sozinha e sempre foi uma pessoa muito independente, com um espírito muito bom”, disse Matthee ao ION.
Craig Lambinon, do NSRI, acrescentou que um tubarão havia sido visto na área, descrevendo-o como “enorme — maior que o helicóptero”. Ele destacou que é altamente incomum um tubarão-branco atacar uma pessoa mais de uma vez e sugeriu que restos de peixe descartados por pescadores locais podem ter provocado um frenesi alimentar.
Seus momentos finais
Webb, cujo nome completo era Cecilia Mathilda Webb, era a caçula de nove irmãos. Formou-se em Inglês e Latim pela Universidade do Estado Livre, lecionou em Pretória e Joanesburgo, e mudou-se para a Cidade do Cabo em 1987.
Amigos lembraram Tyna como uma mulher de olhos brilhantes e um sorriso constante que derretia qualquer coração. Gentil, generosa e humilde, tinha uma mente afiada que, como africâner, já reconhecia há muito a brutalidade e a futilidade do apartheid — bem antes de muitos de seus pares.
Ela viveu em Fish Hoek de 1989 até sua morte.
Quem a conheceu acredita que, em seus momentos finais, Tyna provavelmente enfrentou o tubarão com dignidade, compreendendo que ele apenas agia por instinto. Durante os 17 anos em que nadou em Jager’s Walk, havia encontrado golfinhos, focas e até baleias — e sempre soube que os tubarões faziam parte daquele mundo.
“Sentimos que a forma como ela partiu é o fechamento de um ciclo. Que o mar tê-la levado é a conclusão espiritual de toda a sua vida. Afinal, ela nadou naquele mar por 17 anos”, disse um amigo em seu culto de lembrança na Catedral de St. George, na Cidade do Cabo.
Tyna tratava o oceano como um lar, demonstrando respeito por todas as suas criaturas, inclusive os tubarões. Também organizava encontros de lua cheia para amigos em seu apartamento azul e branco de frente para o mar.
Muitos que compareceram à cerimônia sugeriram que sua partida teve um caráter mítico — como se tivesse sido reclamada pelas águas que tanto amava, completando a história de uma vida plenamente vivida.
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